segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

MOACYR SCLIAR SOFRE AVC E PERMANECE INTERNADO EM HOSPITAL DE PORTO ALEGRE


O escritor gaúcho Moacyr Scliar (73) sofreu um AVC no dia 17 de janeiro deste ano, enquanto se recuperava de uma cirurgia no intestino. Eu só fiquei sabendo desta triste notícia ontem à noite enquanto assistia ao Manhattan Connection, na Globo News. Lucas Mendes e Caio Blinder noticiaram com pesar o ocorrido e desejaram muita sorte e melhoras ao amigo da conexão.

Melhoras e sorte que eu também desejo ao grande escritor Moacyr Scliar. Grande escritor e grande homem, o qual eu tive o grande prazer em conhecer. Moacyr vinha com frequência a Curitiba, e sempre que eu podia ia encontrá-lo para conversar, perguntar, ouvir ou tomar um café.

Passei a me interessar pela obra de Scliar quando li o romance O Ciclo das Águas (1975), obra reveladora e sui generis, ainda na graduação em Letras, em 2004. Depois desse primeiro contato passei a dissecar sua obra com uma visão mais crítica, ou seja, passei de um simples leitor lendo desordenadamente a um interessado em questões mais complexas em sua obra, como a identidade judaica.

Eu cresci e evoluí como leitor lendo o Scliar, o que acabou por me conduzir, em 2007, à especialização em Literatura Brasileira, na qual eu defendi a monografia Um Herdeiro da Diáspora: a questão da identidade judaica em O Centauro no jardim, de Moacyr Scliar.

Quando soube do AVC fiquei muito triste,chateado e também preocupado, pois não li nem ouvi nenhuma notícia mais recente sobre seu estado de saúde. Eu li toda sua obra, dissequei suas narrativas, ficcionais ou não, e nesta noite mal pude dormir, tomado que estava por sentimentos ambíguos de preocupação e nostalgia. Desejo tudo de bom ao grande mestre Moacyr Scliar e uma recuperação rápida. Espero que nos encontremos em breve. À família, que encontrem forças para superar esse momento. E para encerrar esse desabafo, parafraseio um fragmento de seu último romance, Eu vos abraço, milhões (2010):

De uma coisa posso me orgulhar, caro neto: poucos chegam, como eu, a uma idade tão avançada, àquela idade que as pessoas costumam chamar de provecta. Mais: poucos mantêm tamanha lucidez. Não estou falando só em raciocinar, em pensar; estou falando em lembrar. Coisa importante, lembrar.