domingo, 29 de julho de 2007

Vergílio Ferreira e o nada


Sabe aqueles autores que descobrimos meio que sem querer? Pois é. Eu descobri Vergílio Ferreira dessa maneira, completamenmte por acaso, e serei eternamente grato ao acaso.


A descoberta de Vergílio devo ao Prof. Marcelo Franz, estudioso da obra do romancista português, e que analisou em sua tese de doutorado a obra do autor de Aparição. Sua tese foi publicada em forma de livro no ano passado, sob o título de A Inquietude da Memória - O Significado do lembrar em romances de Vergílio Ferreira.


Esse livro do professor Marcelo serve como exemplo para o cenário crítico atual, pois a obra de Vergílio Ferreira ainda está muito restrita ao meio acadêmico, e mesmo assim Vergílio é um autor muito pouco difundido no Brasil.


O primeiro livro que li de Vergílio Ferreira foi Aparição, e foi um choque. Eu nunca havia me deparado com um romance como aquele, que deixa a gente completamente mudado após a leitura. Esse livro mudou minha visão de "romance" e definitivamente minha visão de mundo. Isso mostra que as leituras que fazemos são importantíssimas em nossa formação, principalmente quando descobrimos autores e nos deparamos com obras que nos atingem, que nos instigam. Assim é Vergílio Ferreira. Um autor que deixa marcas profundas, um verdadeiro artista que fez de sua arte sua própria razão de viver, pois para o autor, como relatado em Cântico Final, a vida sem a arte não tem sentido.


Após a leitura de alguns livros que emprestei da Biblioteca Pública do Paraná e da Biblioteca Central da pucpr, fui atrás de seus livros. Hoje tenho alguns exemplares raros, como a segunda edição de Vagão "j", Mudança, Até ao Fim e Em nome da Terra. Muitas das leituras que fiz da obra de Vergílio Ferreira devo também ao professor Marcelo Franz, que me emprestou alguns exemplares algumas vezes.


Bem, a obra deste mestre português não vem até nós. Nós temos que encontrá-la de alguma maneira e não desistir de procurá-la, porque às vezes é difícil. Depois da leitura do primeiro livro a nossa visão sobre literatura, arte e vida muda completamente. E assim são os grandes autores. Literatura, arte e vida.

2 comentários:

Claudia disse...

Eu diria antes, Vergílio Ferreira e o tudo! Confesso que eu também descobri o VF por mero acaso! E logo passou a ser o meu autor favorito, apesar da complexidade(ou entao, por causa dela). Eu já li quase todos os livros. Também aqui em Portugao é bem mais simples de adquirir! Recomendo vivamente se conseguir arranjar o "Para Sempre". É o livro da minha vida, vale mesmo a pena, é imperdível.

Deixo um excerto:

"Tenho tanto que dar uma volta à vida toda. Não te movas. Sob a eternidade do sol e da neve. Uma malícia súbita no teu riso, no teu olhar. Um clarão à volta de deslumbramento. Irradiante fixo. Não te tires daí. Instantâneo da minha desolação. Tenho mais que fazer agora. Não saias daí. A boca enorme de riso, os olhos oblíquos de um pecado futor. Fica-te aí assim, talvez te procure ainda, talvez te escreva uma carta de amor. Daqui donde estou, está uma tarde quente. De amor. "

Para Sempre, Vergílio Ferreira

Espero que goste da sugestão.

Beijo, com gostos comuns

Daniel Osiecki disse...

Querida Claudia, já li o Para SEmpre e felizmente tenho esse livro. Concordo com você, é uma obra-prima, está entre seus melhores romances, com certeza. Agradeço sua colaboração. escreva sempre.Um grande abraço.